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Levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria mostra que Brasil, entre 15 países, só está bem colocado em item que mede a disponibilidade e os custos da força de trabalho.

O Brasil continua em penúltimo lugar no ranking de competitividade de 2014 feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgado ontem. De acordo com especialistas, investir em infraestrutura é o caminho para reverter a situação.

O País perdeu uma posição no fator infraestrutura e logística e, em 2014, ficou em penúltimo lugar nesse quesito, à frente da Colômbia. Já no ranking geral, o Brasil continua na mesma posição desde 2012.

O professor de desenvolvimento econômico da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Raphael Bicudo, afirma que a infraestrutura é um dos principais gargalos da economia brasileira.

“O crescimento sustentável exige melhores estradas, portos e ferrovias, precisa de uma parte logística melhor trabalhada, que tenha menor custo e maior eficiência. Investir em infraestrutura é fundamental para retomar o crescimento e também para sustentar esse crescimento”, explica Bicudo.

Renato da Fonseca, gerente de pesquisa e competitividade da CNI, coloca ainda que a infraestrutura é um setor em potencial, pois pode ser encaminhado rapidamente (apesar do tempo necessário para as obras ficarem prontas, o País já realizou um procedimento de normatização de regras, que auxilia nas construções), além de exigir pouco ou nenhum custo do país, ou seja, através de Parcerias Público-Privadas (PPP) ou concessões.

O especialista explica que o grande problema da cadeia industrial é a falta de melhorias na regulação e nas agências reguladoras, que garantem preço justo e segurança, ou seja, ajudam a reduzir as incertezas do investidor.

Macroeconomia

Segundo o estudo da CNI, o Brasil caiu do 10º lugar em 2013 para o 12º no fator Ambiente Macroeconômico. “A piora no ambiente macroeconômico é resultado, sobretudo, da queda do investimento estrangeiro direto (IED) no país, que recuou de 2,9% para 2,85% do PIB, enquanto que, nos demais países avaliados, o investimento estrangeiro direto aumentou”, consta no relatório.

Bicudo, por sua vez, discorda. O professor afirma que os IEDs são importantes, mas que no ano de 2014 o Brasil recebeu, até outubro, mais de US$ 66 bilhões em investimento estrangeiro, e isso não é pouco, dado o cenário econômico do ano passado.

“Para melhorar o ambiente macroeconômico, é necessário mudar o foco da política econômica, isto é, deixar de objetivar apenas estabilidade de preços, e passar a perseguir estabilidade econômica, que engloba crescimento econômico, preocupação com renda e emprego”, explica.

Já Fonseca acredita que uma das maneiras de atrair IED é, justamente, com obras de infraestrutura, mas que para isso acontecer o Brasil precisa de equilíbrio fiscal, além de segurança jurídica, dois pontos que, segundo o executivo, não demandam custos significativos por parte do governo.

“Além disso, o ano de 2015 vai exigir disposição da presidente para buscar uma coordenação forte dos ministérios e secretarias. Andar na agenda de infraestrutura e de coordenação vai gerar um empresariado confiante e, consequentemente, um aumento da produtividade”, conclui.

Mão de obra

No quesito Disponibilidade e custo da mão de obra, o País teve seu melhor desempenho, ficando em quarto lugar no ranking. Embora tenha boa oferta de mão de obra, o potencial competitivo do Brasil nesse fator fica comprometido pela baixa produtividade do trabalhador, segundo o estudo.

Na avaliação de Bicudo, esse quesito é bom do ponto de vista das empresas, mas prejudica o processo de distribuição de renda do País, pois a população tem menos dinheiro disponível e acaba dependendo muito de crédito.

Fonte: DCI