Notícias

Em todo País, são perdidos, em média, R$ 3,8 bilhões anualmente de milho e soja, somente em razão das dificuldades de logística.

Há diversos trechos com baixa qualidade, o que encarece o custo do transporte e pode provocar perdas do volume escoado. Essa constatação da reportagem de hoje do Correio do Estado baseia-se em estudo da Confederação Nacional de Transportes (CNT), considerando qualquer um dos trajetos possíveis pelas rodovias de Mato Grosso do Sul para escoar grãos aos portos de Paranaguá (PR), São Francisco do Sul (SC) e Santos (SP). Ou seja, não há saída para conseguir economizar e as perdas são inevitáveis. Em todo País, são perdidos, em média, R$ 3,8 bilhões anualmente de milho e soja, somente em razão das dificuldades de logística.

Os números representam atestado de incapacidade do poder público em atender as demandas mais urgentes de setores considerados essenciais para produção de riquezas. Nos últimos dez anos, Mato Grosso do Sul quase triplicou a produção de soja e milho, mas pouco foi feito para acompanhar esse desenvolvimento no campo. O levantamento mostra a precariedade da maior parte das rotas rodoviárias do Estado e a única perspectiva de mudança é com os investimentos programados na BR-163, que está privatizada, ou com a previsão de outras estradas serem “entregues” à iniciativa privada. Isso porque o cenário catastrófico da economia brasileira demonstra que são exíguas as chances de acreditar em possíveis investimentos no setor de infraestrutura.

O Governo de Dilma Rousseff anunciou recentemente o corte de R$ 69 bilhões e, portanto, não estamos nem perto de sonhar com os R$ 9,3 bilhões para projetos considerados prioritários ao desenvolvimento da logística. As soluções existem, foram devidamente elencadas, mas integram mais um dos tantos setores que o poder público negligencia. Ocorre justamente o contrário. Por aqui, a tendência é que os problemas possam se agravar ainda mais. No dia 22 o último trem de cargas finalizou o trecho Corumbá-Bauru de 1,2 mil quilômetros paralisando o transporte de cargas pela malha ferroviária mais importante do Estado.

Além disso, mais de 100 funcionários da América Latina Logística (ALL) foram demitidos. O governador Reinaldo Azambuja tenta, em reuniões, mitigar os prejuízos e retomar a competitividade econômica do Estado, aproveitando-se também da utilização da linha férrea.

Além disso, há possibilidade de “sepultamento” do projeto do corredor bioceânico, passando por Mato Grosso do Sul, um sonho aguardado há mais de 15 anos, mas que não saiu do patamar de estudos.

O quadro de deficiências logísticas no Brasil inclui os sérios problemas no armazenamento de grãos, insuficientes para a quantidade produzida, o que acaba “forçando” corrida para transportar e escoar rapidamente os produtos. Esbarra-se, porém, nas graves falhas da malha rodoviária e na falta de capacidade dos portos brasileiros.

Os equívocos da política econômica brasileira motivaram a redução drástica nos investimentos e o poder público não dá conta nem mesmo de arcar com as despesas básicas, como a folha de pagamento dos servidores. Tudo indica que os setores responsáveis pela produção da maior parte das riquezas continuarão dependentes de uma logística retrógrada e esbarrando na lentidão da falta de infraestrutura.

Fonte: Correio do Estado