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Antônio Carlos Rodrigues atribuiu problemas ao impacto negativo do envolvimento de empreiteiras na Lava- Jato e o ajuste fiscal

O ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, reconheceu nesta quarta-feira que a pasta sofre com a falta de recursos e por isso teve de interromper obras que ainda estão sem previsão de recomeçar. Durante audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, o ministro afirmou que os escândalos de corrupção envolvendo empreiteiras que mantêm contrato com o governo prejudicaram o andamento de obras. Ele ainda disse que a grande preocupação hoje é ter recursos para manutenção de rodovias.

— Não há cortina de fumaça, eu não posso esconder o que está acontecendo no Ministério. Tudo que aconteceu e que está acontecendo no Brasil afetou muito o meu setor de transporte. Por quê? As grandes empresas estão na Lava-Jato, as que tinham suporte para aguentar a fase de atraso de pagamentos. E as pequenas não têm. Tenho recebido, junto com o DNIT e a Valec vários empreiteiros, que perguntam quando vamos pagá-lo e o que vai ser pago. Estou aguardando, vou me reunir com Valec, DNIT e a ANTT na hora em que souber o que eu tenho e fazer um cronograma com as empresas e saber como vou tocar as obras.

Assusta receber um telefonema falando: ‘Ou você me paga hoje – e eu não tenho – ou vai parar a obra tal’ — afirmou. Antônio Carlos também relatou que há problemas em obras de rodovias concedidas:

— O problema mais sério que eu tenho é a BR-153 (Tocantins-Goiás). O que aconteceu? A Galvão (Engenharia), a concessionária, já aportou R$ 200 milhões e aguarda um financiamento de R$ 400 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que estava programado. Não preciso dizer a todos aqui que ela está envolvida na Operação Lava Jato, tendo sido cortado o referido financiamento — disse o ministro, em audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado. Segundo ele, nesta quinta haverá uma reunião no BNDES para tratar do assunto.

Ao saber que haverá um jantar do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, hoje com parlamentares, Rodrigues pediu que o senador Blairo Maggi (PR-MT), um dos que participarão do encontro, “peça ao ministro socorro para os transportes”. Perguntado por vários senadores sobre a paralisação de obras, o ministro disse que hoje não tem condições de fazer nenhuma previsão.

— As minhas respostas vão ser muito complicadas por eu não saber quanto eu vou ter. Eu nunca esperava chegar ao início de maio sem saber o que tenho de recursos — reclamou.

Fonte: O Globo