Os transportes ferroviário, hidroviário e rodoviário passarão por melhorias no próximo ano, mas ainda não haverá redução de frete ao produtor; meta é expandir o escoamento pela Região Norte
Só em 2017 obras de logística devem refletir no agronegócioO setor agrícola reconhece as melhorias que estão em andamento em algumas das principais vias de escoamento de grãos cultivados, em sua maioria, no Centro-Oeste.
Uma série de projetos e investimentos pulverizados visa a redução de frete ao agricultor, porém, este resultado não deve vir em 2015. A previsão é que os reflexos aconteçam, de fato, e baixem os custos de produção, em 2017.
A avaliação é do diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, organização presidida pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). Em entrevista exclusiva ao DCI, ele explica que a diminuição nos valores de frete deve vir através de expansão do escoamento pelo Norte e é para este sentido que estão voltados os trabalhos de logística no agronegócio.
“Temos um mercado com sinalizações baixistas, custos de produção altos e a infraestrutura logística dificulta o transporte. Este é um item muito importante e continua sendo um entrave para o setor. Para 2015, diversas medidas não podem ser deixadas de lado, como mais agilidade nos portos”, acrescenta o diretor técnico da Aprosoja-MT, Luiz Nery Ribas.
Além disso, vale ressaltar o avanço nas culturas de grãos do complexo regional Matopiba, que compreende o sul do Maranhão, o leste do Tocantins, o sudoeste do Piauí e o extremo oeste da Bahia. Apesar de o Centro-Oeste ainda ser o maior produtor dessas commodities, um estudo do Instituto de Economia Agrícola (IEA), com informações consolidadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que os estados do Matopiba foram os que mais cresceram em áreas agriculturáveis entre os anos de 2009 e 2014.
O cultivo de soja, por exemplo, saltou 112% em área e 108% em produção no Tocantins, enquanto o Mato-Grosso variou 47% nos dois segmentos avaliados. Estes resultados também colaboraram para o desenvolvimento em portos do Norte, como os localizados nos municípios paraenses Barcarena e Santarém.
Para 2015
No transporte rodoviário, Ferreira destaca a continuidade nas obras da BR-242, o início na BR-158 e a conclusão na duplicação da BR-163. “Na 158 existe o contorno de uma reserva ambiental que precisa começar no ano que vem”, diz. A rodovia BR-163 atravessa o Médio-Norte, principal região produtora do Centro-Oeste, e permitirá que a colheita siga para o Pará e, depois, para os portos do Norte e Nordeste.
“No ferroviário, deve acontecer a licitação da Fico [Ferrovia de Integração do Centro Oeste] já no 1º semestre, e no 2º a que corresponde ao trecho Açailândia-Vila do Conde. Também teremos o início da adequação de capacidade da Ferronorte, que hoje transporta 14 milhões de toneladas de Rondonópolis para Santos e passará a levar 25 milhões de toneladas, com obras principalmente em São Paulo”, comenta o diretor do Pró-Logística.
Em relação aos portos, estima-se que as licitações no Vila do Conde, em Barcarena, e Santarém devam acontecer em meados de abril, visto que dependem apenas da liberação feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo Ferreira, também é esperada uma licença ambiental para o complexo portuário de Miritituba.
Atualmente, estão sendo realizados Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) em rios como o Tietê, São Francisco, Bacia do Mercosul e Parnaíba, o que permitirá projetos que viabilizem a navegação. “Esperamos a conclusão destas análises e os projetos prometidos para estes complexos hidroviários, além da retomada no transporte da hidrovia Tietê-Paraná”, afirma.
Balanço
Ferreira reconhece que em 2014 foram feitas algumas evoluções no transporte, dentre elas o avanço na pavimentação da BR-163 e o início de sua duplicação.
Um concessionário assumiu a divisa de Mato Grosso do Sul a Rondonópolis, no Mato Grosso, gerando melhoria no trafego até o município de Sinop. “Este trecho é o que vai melhorar o fluxo do escoamento da safra deste ano”, ressalta Edeon.
Na BR-158 houve a pavimentação em torno de Vila Rica, além da recuperação da BR-155. Na parte ferroviária, foi feito o início da duplicação no trecho de Campinas a Santos, além da resolução dos projetos da Fico, para que ficasse pronta para licitação.
“Na navegação portuária está em operação a estação de transbordo de carga em Miritituba, ainda existem duas em construção, e em Vila do Conde são mais dois terminais em funcionamento”, diz.
>Fonte: DCI