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O serviço é melhor onde há forte disputa de mercado.

No setor portuário, fica claro que a concorrência está por trás da eficiência. Especialistas, empresas e usuários confirmam o que a reportagem do GLOBO percebeu em uma viagem de 17 dias por seis portos do país a bordo de um navio de cabotagem: o serviço é melhor onde há forte disputa de mercado.
Enquanto em Santos e no Sul do país a produtividade de cada guindaste ficava entre 30 a 35 contêineres movimentados por hora, mesma média apresentada em Cingapura, em alguns portos do Norte e do Nordeste — como Salvador, Pecém (CE) e Manaus — ficava entre nove e 17 movimentos por hora. Embora os terminais tenham informado que as falhas foram pontuais ou que serão sanadas com novos investimentos, especialistas avaliam que isso só ocorre pela falta de concorrência.

— Sabemos que a concorrência é o que melhora um terminal, tanto é assim que queremos ter uma nova área para contêineres aqui, mas isto está emperrado na Secretaria Especial de Portos do Governo Federal, que não libera os leilões para novos terminais — afirma Caio Ramos, vice-presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape (PE).

Ele afirma que está satisfeito com a produtividade do terminal de contêineres do porto, mas quer criar a concorrência. A cabotagem já representa 42% de seu movimento. O leilão do terminal está parado no governo, que aguarda definição do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o processo de concessão.

A concorrência é apontada como fundamental para o crescimento do Porto de Itapoá (SC), que concorre com outros terminais do Paraná (Paranaguá) e de seu estado, como Navegantes, São Francisco do Sul e Itajaí.

— Aqui a concorrência entre os portos é acirrada, todos estão próximos, então investimos sempre. Agora vamos quadruplicar nosso pátio para acelerar a movimentação dos contêineres. Queremos seguir ganhando prêmios de produtividade — disse Patrício Júnior, presidente do porto.

Novos serviços em terra

No concorrido Porto de Santos, que conta com cinco terminais, a busca por novos serviços é o diferencial. Mauro Salgado, diretor comercial do terminal Santos Brasil, diz que está ampliando os serviços em terra. O objetivo é criar condições para que a transferência de cargas para contêineres ocorra na área do terminal. Seu principal concorrente, o Embraport, também busca a ampliação de serviços e o respeito aos prazos e rapidez operacional, indica Fábio Siccherino, diretor de novos negócios do terminal.

— A concorrência não resolve todos os problemas, mas ajuda na busca por eficiência — afirma Monica Barros, do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS).

Fonte: O Globo – 24/09/14